no rastro da tarde levantou-me
em meio aos homens
e nos levou ao céu.
foi fome o que o moveu,
mas híbrida de ternura,
claroescura,
e desde então nunca
treva nem culpa se atreveu
a turvar a lúcida renúncia
à lei que rompeu
o próprio deus.
destas alturas de abismo
já não distingo
a noite do dia,
nem o sonho da vigília.
parece que um sempre
tem começo sem que
o outro lhe ceda o posto.
não me espanto.
sou a presa mas também o raptor.
sou o rosto em que o barro
brotado de mina estéril
bebe da água
do seu próprio pranto.
sou o que o desejo desperto
de si mesmo cala:
sonhou-me o amor.
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