Ele era portenho. Eu, curitiboca.
Nos conhecemos em Buenos Ayres,
com falso descaso trocando olhares
num festival de música eletrônica.
Silenciados o som e a noite estafante,
para melhor nos apresentarmos
pareceu bom nos reencontrarmos
pouco depois, num cruzeiro da atlantis.
Ficamos juntos na primeira tarde.
Mas logo já o foram cercando
os nativos e forasteiros tantos,
que me incomodava que não parasse
meu gatinho de perder-se no caminho
de voltar para vir dançar comigo.
Eu não falo nada de inglês,
e, misto de polaco e de francês,
por mais que esforçasse não despertei
maior interesse naqueles americanos aguados.
No final, passei todo holiday mais só que um frei
dominicano, casto num cubículo enclausurado.
Amores de verão, é sabido, sua brevidade
é que lhes confere sua peculiar qualidade.
Não duram mais que uma temporada,
embora possam muitas vezes doer mais
do que caras chamadas internacionais
e que, em casos tais, ponham desesperadas
almas feitas em pó, como corroídas
de desengano e nostalgia da noite pro dia.
Já esses amores do facebook,
previno logo que logo os recusem,
pois não conheço os que durem ao menos
o tempo de vir do banheiro.
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